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A BELA HISTÓRIA DE CABOCLA

CABOCLA (1979) apresentava como protagonistas Fábio Junior e Gloria Pires, interpretando o casal Luis Jerônimo e Zuca, respectivamente. Um romance que transpôs a ficção. Gloria Pires e Fábio Júnior se conheceram e começaram a namorar durante a novela, se transformando no principal casal jovem da época. Em 1981, oficializaram a união, que gerou a filha Cléo, nascida no ano seguinte. 

Utilizando-se da vida rural, tema do qual Benedito se especializou, a trama começa quando o jovem Luís Jerônimo (Fábio Jr.) deixa o Rio de Janeiro para se tratar de uma pneumonia, no campo de Vila da Mata, interior do Espírito Santo. Foi na fazenda do coronel Boanerges (Cláudio Corrêa e Castro), amigo de seu pai, que o rapaz conheceu a caipirinha tímida Zuca (Gloria Pires), afilhada do coronel, "a tal cabocla", por quem ele tivera um caso. Pepa se estabelece na fazenda vizinha, de propriedade do Coronel Justino, inimigo político do Coronel Boanerges.

Juntos, passaram a enfrentar muitas dificuldades. Até porque Zuca era a namorada do peão Tobias (Roberto Bonfim). Além disso, a chegada da extravagante espanhola Pepa (Arlete Salles), ainda apaixonada por Luis Jerônimo, com quem teve um caso no passado, também vai causar problemas ao casal.

Gloria Pires não foi o primeiro nome cotado para dar vida à protagonista. A história foi inicialmente pensada com Sônia Braga como Zuca. Como a atriz não aceitou, a história teve de ter partes reescritas, por conta da diferença física de Sônia e Gloria.

Porém, apesar de todo esse apelo, a trama política acabou roubando a cena, graças a rivalidade entre os coronéis Boanerges (Cláudio Corrêa e Castro) e Justino (Gilberto Martinho), com grandes atuações de ambos, especialmente do brilhante Cláudio Corrêa e Castro.

Um grande atrativo dessa disputa, e que foi ganhando cada vez mais espaço dentro da trama, foi o romance entre Neco (Kadu Moliterno) e Belinha (Simone Carvalho), especialmente por serem exatamente filhos de Justino e Boanerges, respectivamente.

Por meio de Neco - um rapaz que entra para a política -, aliás, a novela passou a tratar da importância do voto consciente, em um ambiente onde prevalecia a prática do coronelismo e o “voto de cabresto”. Em seus discursos, Neco apregoava: “O voto não se vende!”. No último capítulo – exibido em dezembro de 1979, com o país ainda em pleno regime militar – a história destacou o direito ao voto e sua importância.

Essa era a segunda versão para a TV do romance de Ribeiro Couto. Em 1959, Cabocla foi apresentada pela extinta TV Rio, em uma época em que as novelas ainda não eram diárias.

Esta versão foi reexibida uma única vez, no Vale a Pena Ver de Novo, entre 1981 e 1982.
No remake de 2004, disponível no Globoplay desde segunda (12/04), a vida voltou a imitar a arte, já que os protagonistas Vanessa Giácomo (Zuca) e Daniel de Oliveira (Luis Jerônimo) também se relacionaram foram das telinhas.

Mas o que queremos destacar hoje, é essa grande versão de Benedito Ruy Barbosa, eleita pela APCA, a melhor novela de 1979. Roberto Bonfim, o Tobias, levou o prêmio de melhor ator (juntamente com Paulo Autran, por Pai Herói, e Rubens de Falco, por ''Gaivotas'').

No elenco ainda, nomes como Neuza Amaral, Milton Moraes, Fátima Freire, Ana Ariel, Oswaldo Louzada, Cosme dos Santos, e muitos outros.